Com a onda de violência que tem tomado o campus Florianópolis da UFSC me lembrei dessa história antiga do "caso da mulher sem cabeça":
"Cadáver do sexo feminino, com idade entre 20 e 25 anos, sem cabeça, que se encontrava em adiantado estado de decomposição e com os dedos estavam deformados a ponto de ser impossível fazer a identificação dactiloscópica do mesmo", assim estava descrito o corpo encontrado no lago do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na véspera do Carnaval de 1973. O caso, que ficou conhecido como o 'o crime da mulher sem cabeça', foi prioridade da investigação em várias divisões da então Superintendência da Polícia Civil catarinense, mas só foi solucionado sete meses depois. Elói Gonçalves de Azevedo, o policial encarregado do caso, preferiu não revelar o nome dos envolvidos, alegando que o crime ocorreu há muito tempo e o autor já cumpriu a sua pena.
O caminho para chegar ao assassino, cujo único rastro que tinha deixado era um sutiã cor-de-rosa, número 44, da marca Demillus, foi trilhado com "a ajuda da espiritualidade", afirma Elói, na época comissário da Delegacia de Homicídios - já aposentado como delegado desde 2000. Ele conta que o primeiro "sinal" que obteve, um "arrepio que lhe percorreu o corpo", como descreve, foi quando leu pela primeira vez o laudo cadavérico. Elói conta que recebeu "um toque espiritual" de que o autor do homicídio era um policial. Então, repassou a informação a seu parceiro no caso, o comissário José Guaianás Lima. O caso já estava arquivado, não por falta de provas, mas pela ausência de suspeito. Entre um interrogatório e outro, leituras repetidas do inquérito e prestando atenção aos sinais que recebia, o então comissário começou a esclarecer o mistério. A investigação foi feita a pé e com um carro (Fusca) de um parente da vítima, que, no dia em que estava na delegacia falando sobre o desaparecimento, chamou a atenção do policial. Eles conversaram e concluiram de que se tratava da mesma mulher.
Uma boa técnica de interrogatório é fundamental para que uma investigação seja bem sucedida, ressalta o delegado aposentado. Ele chegou até o assassino (um policial militar, que ficou preso por 17 anos) e também ao local onde a cabeça da vítima estava enterrada, utilizando muita intuição na hora de fazer as perguntas ao suspeito. As respostas, conta, já sabia, e o interrogado acabava entrando em contradição. Persistência e participação da chefia da Polícia também são importantes, pondera. O caso do crime da mulher sem cabeça foi relatado no livro escrito por Elói "Quando os mortos pedem justiça", lançado em 2001.
Fonte: A Notícia | 18/07/2004
Não sei exatamente a que lago se refere a reportagem, já que o campus tem dois lagos. Fiz umas marcações num mapa para mostrar os supostos lugares. Um perto do Restaurante Universitário (vermelho abaixo) e um atrás do Hospital Universitário(vermelho acima). Pode ser que nos anos 70 houvessem outros lagos. Quando me foi contada essa história o corpo havia sido encontrado em um dos córregos da universidade (marcados em amarelo). Acho que a história da uma bela lenda urbana não fosse pela cereja do bolo que é o Sr. delegado Elói Gonçalves de Azevedo. Esse senhor ficou famoso pelo caso mas é mais conhecido nacionalmente como o moralista que prendeu Gilberto Gil quando ele este em Florianópolis com os Doces Bárbaros em 1973.
Perdi um tempinho editando isto pois é um pouco difícil achar material sobre essas lendas urbanas e ai tem tudo que alguém precisa pra saber o que aconteceu, mesmo de forma superficial, e saber que o caso da mulher sem cabeça (e que vestia um sutiã 44) foi real.
A propósito, terminamos nosso Stop Motion e em breve postarei novas informações.